terça-feira, 31 de março de 2009


SONETO NÚMERO 5

Queria te escrever profundamente oblíquo,
de um jeito sem esquadro que os quadrados fazem -
os ângulos, se importa, é porque são ambíguos,
e assim a vida toda e a vida que eles trazem.

Não gosto da matéria matematicável,
das curvas sempre retas que essas retas fazem -
os números são sós porque não são amáveis,
e primos não se amam como os mortos jazem.

Um dia eu deixarei de fazer versos tolos,
por mim e porque sei do circuncentro a morte -
não deixes dividendos sem compasso à sorte -

amar é bem pior do que meus versos tolos -
um incerto sentimento, do menino o medo -
e o resto, como um número, é guardar segredo.

wbl in O AEDO, 1988

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