terça-feira, 31 de março de 2009


ILHA
David Mourão-Ferreira

Deitada és uma ilha. E raramente
surgem ilhas no mar tão alongadas,
com tão prometedoras enseadas,
um só bosque no meio florescente,

promontórios a pique, e de repente,
na luz de duas gêmeas madrugadas,
o fulgor das colinas acordadas,
o pasmo da planície adolescente.

Deitada és uma ilha. Que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias.
Mas nem sabes se grito por socorro

ou se te mostro só que me inebrias.
Amiga, amor, amante, amada, eu morro
da vida que me dás todos os dias.

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Um comentário:

Natascha disse...

incrivelmente sensual e lindo