quarta-feira, 1 de abril de 2009


TAPEÇARIA
David Mourão-Ferreira

O que em ti há de eterno? O que em ti há de efêmero,
de lira de Camões, de leituras da Elle,
de tão moderno como a própria Nefertite,
de tão antigo como um manequim recente?
O que em ti me recorda um jardim de Munique,
um dia de Setembro, uma praia de sempre?
O que em ti me exaspera? O que em ti me prendeu?
Tudo está afinal na ausência de rima
entre as ancas e o seio, e contudo na linha
em que tudo se une, em que tudo se urdiu.

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