sábado, 11 de abril de 2009


CANTO AOS LIVROS
para Zé Mario e Christine, grandes leitores

Silenciosos livros
que em seus territórios guardam bandeiras, distâncias,
paisagens de números e palavras.
Brancos corredores de paredes inscritas e grades relidas
por seus mantenedores, vozes que nos gritam fórmulas,
títulos, enumerações, lembranças de cidades antigas
como o vinho ou a palavra - que renova o que
pronuncia -, livros que por existir
são sentenças de uma outra sobrevivência.

Símbolos de países e cidades,
armas de um povo guardadas na pedra de algum caminho,
heróis que regressam da batalha da noite,
papéis reencontrados, gaivotas do exílio,
heranças de imagens traduzidas pela matemática das letras.

Livros de quem somos seguidores como dos barcos que se iluminam:
histórias que como crianças são interrogações que se reinventam.
Livros que nos trazem a vida se estamos a perdê-la,
que nos recebem em seus braços
depois dos anos de guerra,
que nos acolhem e nos fazem esquecer
o que o dia relembra
em sua coda.

in OS RITMOS DO FOGO, 1999.

Um comentário:

Anônimo disse...

Á eles, eu me rendo!

rs

E eu adoro me render!