terça-feira, 7 de abril de 2009


MON RÊVE FAMILIER
Paul Verlaine

Je fais souvent ce rêve étrange et pénétrant
D'une femme inconnue, et que j'aime, et qui m'aime,
Et qui n'est, chaque fois, ni tout à fait la même
Ni tout à fait une autre, et m'aime et me comprend.

Car elle me comprend, et mon coeur transparent
Pour elle seule, hélas! cesse d'être un probleme
Pour elle seule, et les moiteurs de mon front blême,
Elle seule les sait rafraîchir, en pleurant.

Est-elle brune, blonde ou rousse? - Je l'ignore,
Son nom? Je me souviens qu'il est doux et sonore
Comme ceux des aimés que la Vie exila.

Son regard est pareil au regard des statues,
Et, pour sa voix, lointaine, et calme, et grave, elle a
L'inflexion des voix chères qui se sont tues.

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MEU SONHO FAMILIAR
Paul Verlaine

Eu tenho sempre um sonho estranho e penetrante
Com uma desconhecida, que amo e que me ama,
E que, de cada vez, nunca é bem a mesma
Nem é bem qualquer outra, e me ama e compreende.

Porque me entende, e o meu coração, transparente
Só pra ela, ah!, deixa de ser um problema
Só pra ela, e os suores de minha testa pálida,
Só ela, quando chora, os sabe acalmar.

Será morena, loira ou ruiva? - Ainda ignoro.
O seu nome? Recordo que é suave e sonoro
Como esses dos amantes que a vida exilou.

O olhar é semelhante ao olhar das estátuas
E quanto à voz, distante e calma e grave, guarda
As inflexões das vozes que o tempo calou.

trad. wbl_______________________________________________________________

Um comentário:

Christine disse...

Oi, W.B.L., gosto muito deste poema, do ambiente aconchegante e nostálgico do sonho, e gostei de sua tradução - vi algumas assustadoras na net!-, mas mudei algumas coisas... Abraço