quinta-feira, 2 de dezembro de 2010


POEMA
W.B. Leal


Talvez não haja o instante exato, a palavra que diante do instante seja mais que o seu antigo significado, a coisa mesma, o sentido que de tão simples renove apenas a sua existência, e o relógio siga a sua contagem de dúvidas e confirmações no instante que pulsa, e esquece, e passa, e é.
Talvez essa repetição de uma coisa antiga que já tenha falhado, que tenha fixado na lembrança a possibilidade de uma outra existência, seja só esse pressentimento, e tudo seja uma sensação, uma asa de luz sobre a onda do escuro, e todas as ciências sejam elas, sim, as únicas possibilidades do sim e do não.
No quarto a música inventa uma etérea cidade. O silêncio protege o que ficou nos armários. Os velhos amores resistem, os novos se evolam, e a lembrança é um cálice sem par na prateleira. É o sono se aproximando do dia. O sono das horas. A noite dos desesperados.

Um comentário:

Acácia Azevedo Studio Pottery disse...

O instante exato é para poucas memórias? Resistem nos mesmo armários? Talvez. Desesperadamente belo. Bjsssssssss