sexta-feira, 14 de agosto de 2009



A cidade precisava de rosas, e eu as criei. Havia no rio sepulturas com vida e uma constelação de vazios no céu de verão. Manhã verde. Eu sei da magia ao incêndio das nuvens, mas não há nuvens nem esperança alguma. O silêncio reabre seus olhos. Invento remorsos e vejo portas com luzes: peixes e pessoas cujos olhos dependem do estudo das profundidades. Tarde que ergue seus braços a guardar o dia; sinos e cisternas que fervem perfumes; estandartes de orquestras; túnicas brancas e cruzes. Noite que aproxima seu peito sobre o dia das casas. Noite de esferas e escadas escuras. Noite de populações de ausências. O silêncio dos nichos vazios; o silêncio das febres e dos santos de alguns dias; o silêncio das invenções.

wbl

Um comentário:

Kenia Mello disse...

No silêncio é que todo o caos da vida é urdido, à nossa revelia. Resta-nos o alumbramento e isso não é pouco.
Um abraço.