sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

CINEMA


ANTES DE PARTIR

Título original: The Bucket List (EUA, 2007)
Direção: Rob Reiner
com Jack Nicholson e Morgan Freeman.

Com um diagnóstico de câncer e a previsão de só mais um ano de vida, um homem escreve uma lista de coisas para fazer antes de morrer. Acrescente a essa lista belos lugares para visitar ao redor do mundo. Agora responda: você já ouviu esse enredo? É infalível? Então multiplique por dois. Dois pacientes terminais. Para finalizar, escale para o elenco Jack Nicholson e Morgan Freeman. Sucesso garantido? Cuidado: o tiro pode sair pela culatra. Este é o problema de “Antes de partir”, em cartaz nos cinemas. Um filme com uma história tão clichê que parece não ter saída. E não tem. Mas há nele duas coisas boas: o texto e Jack Nicholson. (Mas o texto original, diga-se de passagem. Pois as legendas, quando não traduzem, estragam a idéia...) Ora, você acha que estou sendo muito ranzinza ou excessivamente rigoroso? Então vejamos. Com o perdão de seus fãs, Morgan Freeman – o magnífico ator de “Um sonho de Liberdade” (1994) – ainda não se livrou do papel de Deus, que repetiu melancolicamente um dia desses. Continua, como sempre, magnífico, mas falta algo aqui. Nesse caso, Jack salva a comédia. Sim, o filme também é uma comédia, e talvez potencializada pela reação do público diante de algo tão óbvio. As pessoas gostam do óbvio. Gostam de ver o que esperam. Assim como adoram saber as respostas de um Quiz de televisão, exatamente como o personagem de Freeman. E choram muito. Quase se esgotam... Num filme como esse, chega a dar pena os velhinhos na platéia, ou aqueles que reconhecem na história um amigo ou familiar. Mas é tudo óbvio. Não se deixe enganar. Quanto a Jack Nicholson, desempenhando o único papel em que é imbatível – o de ser ele mesmo –, ainda se sobressai quando é irônico, cínico, sarcástico, e às vezes até triste, mas com uma pitada de crueldade. Mesmo assim, tendo um hospital como cenário, ele próprio ainda não supera o romântico maluco de “Um estranho no ninho” (1975). E para compararmos sua atuação de hoje com algo não tão antigo, basta ficarmos com “Melhor é impossível” (As good as it gets), que, como comédia, diverte mais. Ou seja, o título de seu filme de 1997, com o qual ganhou o Oscar de melhor ator, ao lado de Helen Hunt, parecia profetizar sobre Jack exatamente o que temos certeza hoje: a partir dali, melhor era impossível.

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