domingo, 2 de março de 2008

POESIA


MADRIGAL MELANCÓLICO
Manuel Bandeira


O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento.
Graça que perturba e que satisfaz.

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O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

2 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

belissimo..
MB me faz recordar os tempos de colegio.. qdo eu era uma lagarta listrada.

beijos p vc, W

N