quarta-feira, 21 de março de 2012


CÉSAR LEAL
W. B. Leal

Nasceu nos Inhamúns. Terra cortada pelo sol
como os círculos de um sonho. Mais tarde
seria Pernambuco a sua pedra fundamental,
e a poesia - arte onde deixaria o seu nome.

Dedicou a vida a expandir os mapas de
estranhos e personalíssimos domínios.
Cada dia, para ele, foi uma conquista de séculos:
o outro também era parte de sua construção.

Soube a poética dos números e reinventou
símbolos e teorias. Estudou a história e as
ciências do homem. Em seu sonho andou
por Florença a relembrar guerras, pois antes

ensinara aos imperadores infalíveis estratégias.
Traduzia poemas e decifrava silêncios como se o mundo
fosse a sua mão. Conheceu as estrelas e a música
do espaço - merecia o seu nome numa constelação.

Enquanto falava, o tempo também era poesia.
Ardia um brilho de incêndio quando seus olhos
eram a festa de suas descobertas. Seria íntimo
de Coleridge e Wordsworth se os tivesse

alcançado numa mesma sala do tempo.
“Parece-nos estranho - diriam os ingleses -
alguém de tão longe saber tanto sobre tudo”.
Eu o chamo de mestre. Com ele aprendi a lembrar.

WBLog

3 comentários:

Acácia Azevedo Studio Pottery disse...

Ternura e belíssima homenagem.

Lian Tai disse...

Bom quando é bonita assim a matéria de que somos feitos.

Carolina disse...

Aqui está um registro que faz jus ao afeto infinito. Intacta beleza em cada palavra delicadamente reunida no teu jeito de reviver. beijo Carol