sábado, 23 de julho de 2011


FÊTE
W.B. Leal

A oratória é uma chávena servida por deus e pelo demônio. Poetas reinam com colares de intestino delgado, há fama e fumo para após as refeições. O idioma da pátria é uma ilha que as asas dos gênios aniquila e a urbe está plena de salas vazias e poucos humildes à porta. Poucos mendigos versejam quixotes dourados. Senhoras comentam sobre a última peste. Doutores concordam e riem, como hienas em hino. Há portas, palácios e papéis a desempenhar. Absorvemos a cultura de um ocidente distante. Somos loucos à margem, démodèe. O status engorda, e a sociedade mantém o descanso aos domingos.

WBL, in O Aedo, 1989

Um comentário:

Dayse Luna disse...

PANIS ET CIRCENSES!
Agudo olhar, poeta.