quarta-feira, 16 de abril de 2008

CINEMA




"Um beijo roubado"
Título Original: My Blueberry Nights (França/ China/ Hong Kong, 2007)
Direção: Kar Wai Wong
Elenco: Norah Jones, Jude Law, David Strathairn, Natalie Portman, Hector A. Leguillow, Rachel Weisz, LaVita Brooks, Nate Bynum, Chad R. Davis, Trent Dee, Frankie Faison


Eis a história da solidão. Temos aqui a delicada narrativa do mais antigo dos destinos humanos. Ou de sua angústia, ou de sua certeza, ou de sua negação: a solidão em todos os seus matizes, em todos os níveis, desde a mais clara até a que não se quer ver ou reconhecer.
Desde o início, o que o filme parece nos dizer é: olha, todos somos sós e não há saída. Mas de cara o espectador percebe que as personagens de Norah Jones e Jude Law têm um destino óbvio. Por isso, não é isso o que importa, e como uma metáfora do próprio enredo, que consiste numa longa viagem, o que vale não é onde se vai chegar, mas o caminho, os percalços e a paisagem que somos capazes de apreender. O filme é primoroso em fotografia (utilizando com mestria recursos digitais para aproximação e redução da velocidade de gestos e passagens) e no texto, com diálogos simples e precisos, às vezes resvalando em parábolas ou aforismos sobre o próprio tema - a solidão - quando logo de cara brinca com a simbologia de chaves e portas. É um filme cheio de poesia, de silêncios que gritam, de vozes sussurradas no mais belo timbre de Norah Jones - que se mostra uma atriz bem razoável - e com ótimas atuações de Jude Law, Rachel Weisz e da sempre estonteante Natalie Portman. Destaca-se a magistral participação de David Strathairn, como o policial abandonado pela mulher (Rachel Weisz) que passa as noites enchendo a cara num balcão solitário de um bar de solitários. Por tudo isso, talvez não se possa dizer qual personagem seria a protagonista do filme. Um palpite seria Norah Jones, mas logo concluímos que a grande, a incomparável e avassaladora protagonista é, antes e depois de cada homem e mulher no filme e na vida real, a irreversível solidão humana.

4 comentários:

tchuly disse...

gostei da sinopse, mas mesmo que não fosse muito atraente, só pelo elenco assistiria! obrigada pela dica

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Unknown disse...

oi poeta!!!!
mt legal entrar aqui e me deparar com a sinopse do filme q assistimos eu, vc e marcela há meses..
bjim e saudades!!!

Acácia Azevedo Studio Pottery disse...

"Há um espelho que me viu pela última vez
Há uma porta que eu fechei até ao fim do mundo" J.L. Borges. O filme é lindo, delicado e demasiado humano. Conversaria sobre ele por horas, por vários ângulos, com várias cores.