sexta-feira, 26 de junho de 2015

POEMINHA BURLESCO
W. B. Leal

Os algoritmos matemáticos
são cruéis como o atraso de um relógio.
Veja só a frieza de um computador:
desde que viajei a São Paulo, mês passado,
meio às pressas, e voltei pela metade
como quem perde a bagagem,
todos os dias, ao entrar na internet,
um cálculo infernal, um truque
de adivinhação, me apresenta,
no canto da tela,
ofertas de viagens, passagens, promessas
de felicidade,
tudo a preço de banana como se a vida
fosse só um custo, o susto de um encanto
ou alguma promoção.
E então você pergunta: mas por quê?
pra onde? para qual aeroporto
tal promessa se destina? Ah, o meu desgosto!
Pois desconfie dos ensejos: o algoritmo
adivinha sonhos, sinas, arrependimentos,
e no meio disso tudo, oh céus!,
qualquer desejo de Campinas.

WBLog

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