O PÊNDULO
W. B. Leal
Nas manhãs de domingo ela sentia
a ausência da noite, o silêncio marcado
das construções invisíveis.
Os frágeis andaimes das horas vazias
eram também a maré na areia da praia,
o pêndulo dourado do relógio da sala.
Ela reclamava que a pouca poesia
que encontrava nos jornais era
demasiado descritiva, prosa polida,
e sentia falta das pequenas delicadezas,
das contas lilases que os colares
antigos, com brilhos de falsa madrepérola,
faziam reluzir quando imitavam a alegria.
Eram assim as manhãs de domingo,
o sol que escorria como a areia nos vidros,
quando então ela reinventava os relógios,
reanimava a certeza do balanço do pêndulo,
reanimava a certeza do balanço do pêndulo,
e tudo, por um minuto, voltava a contar
como pequenas delicadezas.
WBLog
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