quarta-feira, 4 de abril de 2012


O ESPELHO
W.B. Leal

Quando trago o dia claro,
e alto e azul
sou a multiplicação
que em tudo reverbera como
um rio puro,
é o meu amor que acorda a vida.

Quando, raro, a alegria
descansa
para num descuido
de criança sofrer
a queda do mínimo degrau,
é o meu amor que estende a mão.

Quando a dor é tanta
que parece riscar com a sua
faca a garganta embaçada e
tudo sente e sofre
a sua ferida,
é o meu amor - que é paz - a temperança.

O meu amor tão longe e tão perto,
tão corpo e sentimento nesta casa
que habita,
e sendo em mim
o seu espelho, é também
o seu reflexo.

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