sexta-feira, 7 de outubro de 2011
O SATÉLITE
W.B. Leal
Para ser completo, o meu espelho
pede a tua companhia.
Para que ele exista tu precisas
ser feliz.
Quando o tempo passar
marcando o caminho com
as fogueiras de nossas memórias,
saberás que um dia
foste amada como o pássaro
que da cozinha eu escuto
e o seu canto é o aroma
que sobre a mesa floresce.
O sol agora é a notícia
que prenuncia o verão. Mas as ruas
ainda estão inundadas pelo
outono que lava sua ferrugem.
Nessa cidade que é menor
que a beleza que me ensina,
recupero os sapatos que o tempo
perdeu enquanto te procurava:
na madrugada das calçadas
vândalos riscam as paredes
e escrevem nomes e desenhos
como testamentos do nada.
Em algum outro lugar um homem quer
uma mulher enquanto sonha:
a sua rede é o sorriso de um terraço.
A vida é aquele menino que
brinca e não sabe que
como uma pipa o tempo foge
e dissolve o fio que entre os dias
costura botões.
Talvez sejamos só
essa certeza que à beira do abismo
é a rouquidão do silêncio. Mas claro como o sol
o teu nome é a música que eu escuto agora.
WBLog
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3 comentários:
Que lindo... *suspiro*
Um eclipse! Belo, poeta!
"A sua rede é o sorriso de um terraço" Q singelo isso...Dizem os melhores poemas são aqueles que mal acabamos de ler, nos pomos a lê-los novamente. Esse continuará ressoando em mim, provando que um ponto final não põe fim àquilo que o espírito ainda suspira.
Mariana Pereira.
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